sexta-feira, 27 de março de 2009

NACIONAIS GANHAM SEQUÊNCIA - Brasil aprendeu a ganhar dinheiro com cinema?




Assim como os blockbusters hollywoodianos, o Brasil começa a perceber que pode ganhar dinheiro com cinema - E isso tem pouco ou nada a ver com qualidade. Prática comum nos Estados Unidos, o Brasil começou timidamente há alguns anos com essa história de parte 2, e sempre em filmes infantis: Menino maluquinho 2, Tainá 2, Xuxa e os duendes 2, que acabaram gerando lucros quase tão bons quanto seus antecessores. Mas agora parece que a coisa vai: O sucesso da comédia "Se eu fosse você 2" que acaba de se tornar o filme de maior bilheteria da retomada do cinema nacional confirma: Com quase 5.800.000 espectadores, o filme é um fenômeno e conseguiu suplantar a primeira parte, que já era um grande sucesso (cerca de 3.600.000 espectadores em 2006, quarta maior bilheteria). Hoje estreou nos cinemas, "Surf adventures 2", que vem a ser a sequência do segundo documentário de maior bilheteria da retomada (só perde para "Vinicius"), prometendo repetir o frenesi. E vem aí ainda esse ano "Os Normais 2", outra sequência destinada a lotar os cinemas de todo país. Olhando por um lado, o Brasil precisa de boas bilheterias pra se manter, e é legal que em 2009, estando ainda em março, já se tenha alcançado quase os mesmos números de todo o ano de 2008. Só não se pode exagerar e começar a aparecer "Carandiru 2", "Cazuza -o retorno" ou "A neta de Francisco"... Hum... Até que o último não seria má idéia:
Sinopse: História de uma menina que nasceu pobre, mas como num conto de fadas, viu o pai virar milionário esgoelando sucessos sertanejos. Ela cresceu, fizeram-na acreditar que era cantora e se tornou viciada em aparecer em revistas de celebridades e gravar músicas de baixa qualidade. Cena imperdível: Ela vai escondida assistir a um show do ex-namorado (ator e encrenqueiro famoso), é descoberta pela imprensa e sai correndo pelas ruas aos prantos com um pano vermelho na cabeça...

CRÍTICA - O LUTADOR


A certa altura de "O Lutador", os personagens Randy "The Ram" (Mickey Rourke) e Cassidy (Marisa Tomei) estão em um bar e ela comenta: "Os anos 80 foram a melhor época". Ele complementa: "Os anos 90 foram uma merda". Esse momento é apenas um entre muitos no filme que acabam fazendo paralelo entre a história do personagem e do próprio ator. Rourke surgiu nos anos 80 cheio de moral, encabeçando o elenco de sucessos como "Coração satânico" e "9 1/2 semanas de amor" e era saudado tanto como ator quanto como galã. Porém, no inicio dos anos 90, sua decisão de se tornar boxeador o levou cada vez mais ao ostracismo em Hollywood e deformações no rosto, que nunca mais voltou a ser o mesmo. Quando tudo parecia acabado, MIckey deu a volta por cima em "Sin City", graças ao visionário Robert Rodriguez e acabou se consagrando aqui nesse filme, pelo qual recebeu (ou foi indicado) a praticamente todos os prêmios de melhor atuação masculina de 2008.
Voltando ao filme, "O lutador" é uma declaração de amor de um homem a seu trabalho. Ele não sabe fazer outra coisa e mesmo quando tenta dá tudo errado. Seja em um trabalho convencional, numa tentativa de relação com uma mulher ou no trato com a filha: Nada dá certo. É só lá no ringue que "The Ram" dá o seu melhor, mesmo que o passar do tempo não esteja ao seu favor. As cenas de luta são impressionantemente violentas e mesmo com o diretor deixando claro que os resultados são armados, as pessoas aqui lutam pra valer e o excesso de sangue jorrando comprova isso. Mickey Rourke ganhou aqui o personagem de sua vida e tira bom proveito disso, em cada fala, reação de ódio, complacência ou lágrima. Ele parece se identificar tanto com o personagem, que soa natural (mas nunca naturalista) o tempo todo. Marisa Tomei, uma atriz sempre subestimada, mais uma vez mostra o talento e sua stripper encontra paralelo com o personagem principal, visto que ambos são bons no que fazem, mas já sentem o peso da idade e já não fazem o sucesso de outrora. E a jovem Evan Rachel Wood (que apareceu em "Aos treze") mostra mais uma vez talento como a filha do lutador. O final, assim como o filme, deixa mais uma vez a sensação que nada precisa ser tão explicado. Basta sentir, perceber. É só se deixar envolver.

O LUTADOR (The Wrestler)
Direção: Darren Aronosfky
Com: Mickey Rourke, Marisa Tomei, Evan Rachel Wood
EUA, 2008

terça-feira, 17 de março de 2009

CRÍTICA - O LEITOR


Muita gente já torceu o nariz para "O Leitor" antes mesmo dele estrear por aqui. Motivo: Antes das indicações ao Oscar, já havia entre os jornalistas a certeza da inclusão de quatro títulos na lista: "Frost/Nixon", "O curioso caso de Benjamin Button", "Milk" e "Quem quer ser um milionário?". O problema era a quinta vaga. Alguns apostavam no introspectivo "Foi apenas um sonho", outros no musical que rendeu milhões "Mamma mia", mas o que todo mundo queria mesmo era ver "Batman O cavaleiro das Trevas" lá. Seria a vitória dos filmes em quadrinhos, de se mostrar que pode-se sim fazer cinema pop com qualidade. Porém, veio o balde de água fria: "O leitor" conseguiu a indicação e recebeu críticas de todos os lados, de quem nem o tinha visto. Mas o caso aqui é que, passada a raiva e vendo-se o filme enfim, "O Leitor" é um puta filme. Não faz feio em nenhum momento entre os outros, é belo, delicado e ao mesmo tempo, forte, carnal. Stephen Daldry faz aqui um trabalho muito mais envolvente do que em "As horas" e emociona na história de Michael Berg, um garoto de 15 anos, que ao ficar doente conhece Hannah Schmitz, e vive com ela uma tórrida paixão. Ele fica obcecado por ela, que é sua primeira paixão, e ela parece não querer mais que sexo e que o garoto leia pra ela cada vez mais livros e livros. Depois de uma briga, eles ficam anos sem se ver, e ele só a reencontra sendo julgada por ser uma das carcereiras do campo de concentração de Auschwitz. Nesse momento do filme (um dos mais fortes), ela acaba escondendo por vergonha um segredo que vai mudar totalmente sua vida. Kate Winslet, pra mim a melhor atriz do cinema na atualidade, não está menos que perfeita: Dura e fria quando tem que ser, mas transbordando emoções contidas em alguns momentos, realmente merecedora de todos os prêmios que recebeu pelo trabalho. Ralph Fiennes aparece pouco, mas marca todas as suas cenas com seu grande talento e o garoto David Kross é uma revelação a ser apreciada. O filme, uma maneira diferente de se ver o Holocausto, é como Hannah e como a vida: Duro sim, mas também extemamente sensível.

O LEITOR (The reader)
Direção: Stephen Daldry
Elenco: Kate Winslet, Ralph Fiennes, David Kross, Bruno Ganz, Lena Olin
EUA/ Alemanha, 2008.

domingo, 15 de março de 2009

CRÍTICA - SIM, SENHOR


Jim Carrey é um gênio ou um canastrão? Bom, um pouco de cada e talvez seja esse seu charme. Revelado em comédias descerebradas, mas que acabavam muito valorizadas graças a seu iniguilável talento histriônico, Jim Carrey provou, sim, ser um ator e tanto em dramas como "O Show de Truman", "O mundo de Andy" e o excelente "Brilho eterno de uma mente sem lembranças". Seu novo filme, "Sim, senhor" é uma volta às comédias e com um roteiro um tanto quanto similar ao sucesso "O Mentiroso" (1997):
Um homem com tendência a ser negativo, Carl Allen só vive se dando mal na vida. Levado por um antigo amigo a uma espécie de reunião de auto-ajuda, onde as pessoas tem que dizer "sim" pra tudo na vida - sem exceções - ele acaba vendo sua vida mudar de pernas pro alto. Não dá pra reclamar: Quem quer simplesmente rir a vontade, sem se preocupar em ver um grande filme, pode relaxar sem medo: Jim está no auge da forma e suas expressões e tiradas são hilárias e no cinema só se comenta uma coisa: "Só ele mesmo pra fazer isso". E é verdade. Zoey Deschanel, que esteve apática em "Fim dos tempos", faz bonito aqui e tem muita quimica nas cenas românticas com Jim. Outro destaque é Rhys Darb, como o chefe nerd de Carl, que organiza festas temáticas de Harry Potter e 300. No fim, se não é um filme inesquecível, cumpre o seu papel: Diversão sem compromissos.

SIM, SENHOR (Yes, man)
Direção:`Peyton Reed
Elenco: Jim Carrey, Zoey Deschanel, Terence Stamp, Molly Sims, Rhys Darb
(EUA, 2008)

CRÍTICA - TEMOS VAGAS


Os filmes de horror tem seus momentos de alta e baixa, e ultimamente, graças à franquia "Jogos Mortais" a onda é de filmes gore: Quanto mais podemos sentir a dor dos personagens, melhor (pelo menos presumem os produtores). Chegamos então a "Temos vagas", um filme que explora a prática dos snuff movies, que são filmagens reais de pessoas sendo assassinadas. No filme, David (Luke Wilson) e Amy (Kate Beckinsale)acabam se deparando com um motel onde as pessoas realizam essa prática: O local é uma espécie de "set" de filmagem e logo eles percebem que estão prestes a virar as próximas "estrelas".
Se não acrescenta muito ao gênero, "Temos vagas" ao menos garante boa dose de tensão, fazendo do filme um verdadeiro jogo de "gato e rato", daqueles que você fica torcendo para as pessoas conseguirem correr ou chegar a tempo antes que uma porta se feche. Se não há sangue em excesso (feliz ou infelizmente?), há cenas insinuadas que garantem o horror só pelas expressões dos personagens. Kate entrega uma interpretação mais consistente que a de Luke, que assim como o irmão Owen Wilson, parece sempre pensar que está em uma comédia. O filme tem seus momentos, mas vai perdendo a força no final, onde ao contrário de filmes recentes que chegam a incomodar o espectador, como "Violência gratuita" e "Os estranhos", não tem coragem de radicalizar.

TEMOS VAGAS (Vacancy)
Direção: Nimrod Antal
Com: Kate Beckinsale, Luke Wilson, Frank Whaley
EUA, 2007

domingo, 1 de março de 2009

Lançamentos de março





Março está chegando!!! Todo início de mês pretendo comentar sobre os Lançamentos mais importantes que estão por vir. Aqui vai uma pequena amostra do que você verá nos cinemas em março:

QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO? (06/03/09) - Já criei um post sobre esse filme, mas sempre vale a pena recomendar. Um jovem participa de um programa de perguntas ao estilo "Show do milhão". Enquanto responde, vemos momentos de suas vidas e fica a dúvida: Ele estará trapaceando? O belo final responde essa pergunta de maneira inesquecível. Com oito oscars conquistados, é um dos melhores da temporada, ágil, inteligente, romântico... Surpreendente.

O MENINO DA PORTEIRA (06/03/09) Refilmagem de um clássico de 1976, conta a história de Diogo, um peão que entra em conflito com o Major de outra fazenda. Dúvidas pairam no ar... Daniel (o cantor) como protagonista? Temática rural? Trilha sertaneja? Bom, "Dois filhos de Francisco" também era assim e foi um filmaço...

MAMONAS - O DOCUMENTÁRIO (06/03/09) - Documentário sobre o grupo Mamonas Assassinas. Pode ter demorado demais (quem ainda idolatra o grupo?), mas ver a irreverência da trupe de Guarulhos é sempre divertido.

FROST/ NIXON (06/03/09) - Filme que mostra como foi a dramática entrevista dada pelo presidente Richard NIxon ao apresentador David Frost. Mais um dos indicados ao Oscar que chega atrasado por aqui. Se daria melhor nas bilheterias se tivesse sido lançado no calor das indicações. Agora, sem nenhum prêmio nas mãos, fica díficil...

WATCHMEN (06/03/09) - Super-Heróis existem de verdade nesse mundo e são proibidos de exercer suas funções após a Guerra Fria. Esse é esperadíssimo pelos fãs de quadrinhos. Baseado na obra de Alan Moore, que é considerada a melhor HQ de todos os tempos, tem direção de Zack Snyder (que já mostrou que sabe ser fiel à obra original em "300"). Será que vai agradar???

DIA DOS NAMORADOS MACABRO (13/03/09) - Refilmagem do já clássico filme de horror, esse filme em 3-D conta uma história que acontece no dia dos namorados, quando 22 pessoas são mortas. Sangue e tripas à vista.

A VIDA SECRETA DAS ABELHAS (Previsão: 13/03/09) - A garota-prodígio Dakota Fanning está de volta em um filme sobre uma menina que é atormentada pelas lembranças da mãe e acaba consolada por Queen Latifah.

VALSA COM BASHIR (Previsão: 13/03/09) - Foi indicado esse ano ao Oscar de filme estrangeiro e era o mais cotado, até ser derrubado pelo japonês (igual nossa ex-miss Natalia Guimarães...)

GRAN TORINO(Previsão: 20/03/09) - Um veterano de guerra da Coréia confronta-se com um jovem que tenta roubar seu Gran Torino 1972. Surpresa da temporada nos Estados Unidos, apesar de esnobado no Oscar, já rendeu mais de 130 milhões de dólares. Dirigido e estrelado por Clint Eastwood.

PAGANDO BEM QUE MAL TEM? (Previsão: 20/03/09)- Péssima tradução para "Zack and Miri make a porno"), promete ser um dos filmes mais divertidos da temporada. Zack e Miri são amigos desde a infância e estão passando por dificuldades financeiras. Então, resolvem fazer um filme pornô para conseguir grana, mas claro que descobrirão que sempre se amaram e não deram conta... Com o hilário Seth Rogen.

THE SPIRIT (Previsão: 20/03/09) - Mais uma adaptação de quadrinhos (do mestre Will Eisner), é a história do policial Danny Colt, que forja a própria morte e faz com que todos pensem que voltou do além. Apesar de dirigido por outra lenda dos quadrinhos (Frank MIller), dizem que é bem meia-boca...


CADILLAC RECORDS (Previsão: 27/03/09) - Filme sobre o nascimento de uma das mais importantes gravadoras de black music dos Estados Unidos, tem Adrien Brody e Beyonce Knowles no elenco.

CHE (Previsão: 27/03/09) - Primeira parte de um projeto duplo do cineasta Steven Sodebergh, sobre a vida de Che Guevara, tem elesco estelar e internacional liderado por Benicio Del Toro. Nosso Rodrigo Santoro também está lá!

OUTROS LANÇAMENTOS:
LANCHONETE OLIMPIA * SEX DRIVE * ATRIZES * JOGO ENTRE LADRÕES * CIRQUE DU FREAK * TÔ DE FÉRIAS * THE VISITOR * BELA NOITE PARA VOAR * O FOTÓGRAFO * NA TRILHA DA VITÓRIA * ALMA PERDIDA * LIÇÃO DE AMOR * DUPLICIDADE * SURF ADVENTURES 2 * ELE NÃO ESTÁ TÃO A FIM DE VOCÊ * UM LOBISOMEM NA AMAZÔNIA

CRÍTICA - A MALVADA


Como prometi, vou comentar sobre o clássico "A Malvada", que assisti no sábado. Confesso que não sou o cinéfilo que gostaria e ainda tem centenas de filmes que estão na minha lista pra ver um dia (principalmente antigos) e acabam preteridos por produções mais recentes. Mas o prazer que foi ver esse filme até faz com que eu me arrependa desse meu pecado. Essa produção (que é de 1950) reúne todos os elementos que viriam depois até a se tornar um pouco clichês, mas que ao mesmo tempo são deliciosos, sem contar que à época, deviam ter sabor de novidade. Com dialógos inteligentes, até com surpreendente cinismo, ótimas interpretações (Bette Davis mostra porque até hoje é uma das atrizes mais lembradas da história do cinema), o filme conta a história de Margo Channing, uma estrela dos palcos, de díficil temperamento, que em uma noite recebe no camarim a visita de uma jovem aparentemente doce e inocente, Eve, que se mostra ser sua fã numero um. COm uma história triste de vida, Eve acaba ganhando a simpatia de todos, principalmente de Margo, que a contrata pra trabalhar (e depois morar) com ela. Aos poucos, percebemos que as coisas não são bem assim e que Eve na verdade, quer de todas as formas alcançar o estrelato, custe o que custar. O filme parece dividido em duas partes, a primeira totalmente dominada por Bette Davis e a segunda, quando Eve mostra as garras, liderada por Anne Baxter. Para os mais jovens, fica fácil de saber onde Gilberto Braga arrumou inspiração para sua trama em "Celebridade", onde Laura (Claudia Abreu) agia de forma parecida com o ídolo Maria Clara (Malu Mader). O filme é uma excelente pedida, principalmente para iniciados que gostariam de começar a ver filmes antigos, mas acham chatos: Esse não é enfadonho em nenhum momento e nem se percebe os 138 minutos de projeção. Assistam!!!
OBS:
O filme foi indicado a 14 Oscars (recorde só igualado por "Titanic"): Filme, diretor, roteiro, ator coadjuvante (George Sanders), Atriz (Bette Davis e Anne Baxter), atriz coadjuvante (Telma Ritter e Celeste Holm), Direção de arte em preto e branco, Som, Figurino em preto e branco, Fotografia em preto e branco, Edição e Trilha sonora e ganhou Seis (Filme, Diretor, Roteiro, Ator coadjuvante, Figurino e SOm).
Marilyn MOnroe aparece em umpequeno papel, linda como sempre.

A MALVADA (All about Eve)
Direção: Joseph L. Mankiewickz
Elenco: Bette Davis, Anne Baxter, George Sanders, Celeste Holm, MArilyn MOnroe, Telma Ritter, Hugh Marlowe
EUA, 1950